quinta-feira, julho 17, 2025

Crescimento do comércio contribui para a independência do Barreiro

Na segunda reportagem da série
“Barreiro do comércio, da indústria e do agro: 170 anos do maior e mais antigo bairro de Belo Horizonte”
, exibida no Jornal da Itatiaia desta terça-feira, o destaque vai para o papel do comércio no fortalecimento da autonomia da região.

Entre os moradores, há um consenso: não é preciso sair do Barreiro para adquirir produtos e serviços. Essa realidade, no entanto, não é apenas reflexo da demanda, mas também de uma tendência entre os próprios empreendedores locais.

“O Barreiro tem excelentes empresas de comércio e serviços. Um aspecto muito interessante é que, quando alguns comerciantes decidem expandir seus negócios, preferem fazê-lo dentro da própria região. Isso ocorre porque eles já conhecem bem o público local, suas necessidades e hábitos — o que é uma característica própria do Barreiro”, explica Marcelo de Souza e Silva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).

Segundo ele, um dos grandes diferenciais do bairro é o atendimento: a forma de conversar e acolher o cliente, muito semelhante à de cidades do interior.

A reportagem também conversou com Valdir Moreira, proprietário da loja de instrumentos musicais mais antiga do Barreiro. O estabelecimento passou por diversas transformações ao longo dos anos.

“Começamos com vinil. Era uma loja especializada em discos e eletrônicos. Depois veio o CD, mas a pirataria prejudicou muito e o formato praticamente acabou. Então, migramos para o segmento de instrumentos musicais e equipamentos de som. O que garante nossa continuidade é o atendimento. Aqui é como no interior: o cliente se acostuma com a loja, com o atendimento, cria vínculo e volta sempre”, conta Valdir.

Com uma variedade crescente de produtos e serviços, o Barreiro se consolidou como uma cidade dentro da cidade. A economista Gabriela Martins, da Fecomércio-MG (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais), reforça que o comércio tem papel essencial nesse processo.

“O comércio é um motor que gera emprego, renda e condições para que a população viva bem em determinado local. No caso do Barreiro, ele ajuda a evitar que a região funcione apenas como um bairro dormitório, em que as pessoas trabalham em outras partes da cidade e só voltam para dormir. Aqui, além de comércio, há serviços e também indústria. É uma região tão rica que permite às pessoas viverem e trabalharem no mesmo lugar”, avalia Gabriela.

Esse é o caso de Selma Gonçalves Dias, aposentada de 62 anos, que já não vê necessidade de sair do bairro.

“Não saio do Barreiro para nada. Faz muito tempo que não vou ao centro de Belo Horizonte”, afirma.

Com um comércio forte e em constante adaptação, o Barreiro celebra seus 170 anos como um polo econômico vibrante, capaz de atender às necessidades da própria população e gerar oportunidades de desenvolvimento local.